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Eu jogava à bola na rua principal, saltava muros e íamos em bando nadar no rio, regressando a casa ao fim do dia; e os pais que vigiavam ou protegiam demasiado os filhos eram alvo da pequena chacota habitual. Mudou tudo; os perigos aumentaram, os celerados multiplicaram-se; e infantilizámos os nossos filhos até tarde. Vão ao pediatra até aos 18 anos. Os jardins deixaram de ter areia e pedra e os baloiços passaram a assentar em ‘tartan’ para que as crianças não esfolassem os joelhos ou sujassem as calças na erva. Este ano, uma revista universitária de psicologia, em Inglaterra, “descobriu” que, afinal, talvez elas precisassem de se sujar, de se esfolar e de conhecer o cheiro da terra. Tremi de inveja com a descoberta, claro. Esta semana, o estado do Utá, nos EUA, conseguiu fazer passar uma lei (a ‘free-range parenting’) que (atenção!) descriminaliza os pais que deixam os seus filhos ir para a escola a pé ou brincar no parque sozinhos e que os autoriza a participar de algumas atividades sem supervisão parental, “incentivando a auto-suficiência” desde cedo. Talvez ainda haja esperança.
[Da coluna no CM]
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