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Manuel Reis.

por FJV, em 27.03.18

Naquela altura não havia hipsters, nem empreendedorismo, nem subsídios ou pão para malucos. Mas, felizmente, houve uma geração que soube viver acima das possibilidades do país e da inteligência média habitual – e que libertou a velha pátria do neo-realismo e da sensibilidade de alcoviteira. O Manuel Reis (1946-2018) foi uma estrela nesse céu do Bairro Alto lisboeta, lugar onde, durante algum tempo, se podia encontrar uma parte do mundo a dançar no Frágil. Essa Idade da Prata era tão frívola como se podia ser em Lisboa, mesmo para um rapaz como eu, que tinha chegado de Trás-os-Montes há pouco tempo. O país mexeu-se aqui e ali a partir daquele empurrão. Os lugares que ele inventou fizeram mais pela libertação sexual e cultural da rapaziada do que os ideólogos e engenheiros sociais posteriores. Manuel Reis (o tipo que criou o Frágil, o Pap’Açorda, a Loja da Atalaia, depois o Lux e a Bica do Sapato) era discreto (falava pouco, era da província) e inovador, conhecia o risco e a graça de olhar as coisas de cima – e sem ter de esperar na fila para entrar. Foi o primeiro a fazê-lo numa Lisboa de papalvos. Lá de cima – o lugar onde está, naturalmente.

[Da coluna no CM]

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