Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Morreu na quarta-feira passada e andei estes dias à procura do essencial para dizer acerca de António Andrade Albuquerque, 88 anos (1929-2018), um pacato cidadão de Peniche, onde vivia rodeado do que lhe era mais querido: as recordações familiares, os livros que amou – e o mar. O seu nome civil não diz muito aos leitores de literatura policial, que reconhecem, antes, o de Dick Haskins, que assinou livros como O Sono da Morte, O Isqueiro de Ouro ou o mais do que best-seller Lisboa 44 – e que ajudou a divulgar em Portugal alguns dos clássicos policiais. Como outros portugueses que escolheram ou viriam a escolher pseudónimos americanos (Dennis McShade, Frank Gold, Ross Pynn, Simon Ganett, Rusty Brown ou W. Strong-Ross), Dick Haskins percebeu que o moralismo lusitano não gostava de crimes cometidos na nossa língua – nem mesmo ficcionais. Os seus livros, traduzidos em muitos países, são de uma larga inocência, como ele próprio: um entusiasta do género, uma adolescência prolongada, um humor simples. O que lhe falta em literatura sobra em imaginação e vontade de contar histórias.
[Da coluna no CM]
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.