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Desde o célebre “dia de trabalho para a nação” decretado pelo III governo provisório em 1974, e desde a comemoração do título europeu de futebol, que não se via esta mobilização na “sociedade civil”. Prevejo que, com manifestações de júbilo e alegria, envergando trajes regionais ou fatos de treino coloridos, com farnéis às costas, brigadas de portugueses partam para “o Desconhecido” a fim de limpar as matas. Vai o primeiro-ministro, vão os ministros, vão os membros da Associação de Municípios, vão os entusiastas dos telejornais, vai – enfim – a “sociedade civil”. E indo toda esta gente, vai também o Presidente da República. Em rancho, debaixo de chuva, irão esquadrinhar “o Desconhecido” de enxada, tesoura de poda, foice, bússolas e Betadine na mão – limpando as matas. Mesmo gente que não sabe distinguir uma planta de canabis de um eucalipto irá, de cantil a tiracolo, cortar giestas, urze, carqueja e ramos de pinheiro bravo. Deputados dos mais variados clubes associam-se também “a esta nobre causa”. Na segunda-feira, “o Desconhecido” (ou seja, Portugal) estará como novo, rapado.
[Da coluna no CM]
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