Onde estão as verdadeiras mulheres? Em que ajuntamentos, congressos, conferências, companhias, camas, universidades, devem estar as verdadeiras mulheres? Quem são as verdadeiras mulheres? Estas perguntas não são brincadeira e podem ser feitas depois de o secretario-geral do PCP ter anunciado que as verdadeiras mulheres deviam estar numa manifestação em que ele marcava presença e não num congresso do CDS. Aliás, as verdadeiras mulheres estavam numa manifestação promovida por uma organização satélite do PCP, um partido que nunca foi dirigido por uma mulher – e não no congresso de um partido dirigido, imagine-se, por uma mulher. Se queriam uma definição perfeita, ela estava ali. Há consequências a tirar desta definição e desta exclusão, imagino. Theresa May e Angela Merkel ou Ines Arrimadas, por não estarem na manifestação apoiada pelo secretário-geral do PCP, não são mulheres ou, pelo menos, estão enganadas quanto ao seu género. Jerónimo de Sousa não é o único a cair nesta misoginia ideológica. Mário Soares, quando foi derrotado por uma mulher no parlamento europeu, chamou “dona de casa” à sua adversária. Algumas almas de esquerda dirigiram insultos machistas à então liderança de Manuela Ferreira Leite. Para ser “mulher verdadeira”; era também necessário ser submissa.