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Estávamos em 1988 e ‘Uma Breve História do Tempo’ entrava na vastíssima mitologia da edição como um best-seller inesperado. Ninguém imaginava que um livro sobre a origem do universo e do tempo, sobre os buracos negros e o espaço vazio, se convertesse num sucesso editorial – sobretudo quando o autor era praticamente desconhecido. Sabia-se de Stephen Hawking (1942-2018) que ensinava em Cambridge (nasceu em Oxford) e sofria de esclerose lateral amiotrófica, uma gravíssima doença degenerativa, o que fez dele uma personagem mais do que singular: um combatente, um resistente – mas também uma estrela reconhecível nos média. A ciência deve-lhe também isso: Hawking contribuiu, tal como o americano Richard Feynmann, por exemplo, para popularizar temas e livros científicos. Sou incapaz de discutir qualquer teoria de Hawking, ainda que tenha lido esse seu primeiro livro, mas reconheço a sua importância. Ultimamente dedicava-se também a combater pelo ateísmo (a sua ideia de Deus era antiquada e reaccionária); para Hawking, a única religião era a da ciência – o que não lhe assentava mal.
[Da coluna no CM]
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