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Falar hoje de Georges Bernanos, nascido há 130 anos (1888-1948), cumpridos hoje, é falar de uma velharia. Li Bernanos por influência de um admirável professor de liceu que, além de me ter corrigido a pronúncia para recitar Verlaine, era um católico amável e sem amargura. Comecei por Sob o Sol de Satã (Sous le soleil de Satan), mais tarde adaptado ao cinema com Depardieu e uma bela Sandrine Bonnaire quase adolescente; o tema, a vida de um padre numa pequena paróquia cheia de gente impiedosa, no cenário da I Guerra, repete-se em Diário de um Pároco de Aldeia (reeditado recentemente pela Paulinas), publicado dez anos depois, em 1936, numa história sobre a dúvida, a fé, a pobreza e a solidão. Bernanos era um autor católico que divergiu lentamente para o campo da incerteza e, também, do pessimismo. Da guerra civil de Espanha resultou um livro emblemático, Os Grandes Cemitérios sob a Lua (que Camus considerava “o livro de um profeta”): Bernanos começou como franquista e terminou do lado oposto. É um homem daquele tempo mas lê-lo ajuda a perceber muitos combates e dúvidas atuais.
[Da coluna no CM]
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