Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O Estado está a tornar-se uma ameaça letal. A minha geração, e boa parte da anterior, viveu na ressaca de vários combates contra a excessiva presença do Estado. Muitos lemos um livrinho de antropologia intitulado A Sociedade contra o Estado, de Pierre Clastres – à esquerda e à direita. O Estado foi um dos nossos inimigos. Viver longe da alçada do Estado e da sua burocracia era um ideal nobre. Estranhamente, é hoje enorme o número dos que acham que o Estado se deve substituir às nossas decisões, tomando-as em nosso nome, obrigando-nos a comer apenas o que é saudável, a dizer o que é permitido fazer, a cobrar impostos sobre tudo o que mexe. O Estado proíbe programas de televisão, manda recolher livros e elabora listas de ‘livros bons’, substitui-se aos tribunais, tem vontade de regular toda a nossa vida, determina o que se ensina e de que forma a História aconteceu, cobra impostos excessivos – e falha no essencial (apoiar os mais pobres, lutar contra a doença e o infortúnio, proteger os velhos e punir a violência). Em Portugal essa máquina devoradora tem cada vez mais clientes.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.