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Demografia à la carte.

por FJV, em 11.01.18

Em cada português existe um sociólogo desperdiçado noutras profissões vulgares. Durante os anos da troika, por exemplo, não havia comentador a quem faltassem explicações para a baixa natalidade; ou seja, os portugueses não tinham bebés por causa da ameaça da troika – chegados à hora da fecundação, se me permitem a imagem, portuguesas e portugueses, digamos, encolhiam-se. De nada servia lembrar que, ao fim de uma curva descendente que vinha da última década do século passado, os números da natalidade começaram a subir em 2014, subiram em 2015 e subiram em 2016. E desceram em 2017 – menos sete bebés por dia (menos 2700), um número inaceitável para os catedráticos em sociologia de algibeira que, a falar verdade, se sentem traídos pelos portugueses, pouco solidários com Mário Centeno. Eles esperavam que os jovens casais, mal ouvissem falar dos virtuosos números da economia e das novas conquistas do socialismo, desatassem a reproduzir-se a um ritmo festivo. Só que os ritmos da demografia são longos, e um bebé não nasce de uma máquina mas de pais educados para a vida que há de vir.

 [Da coluna no CM]

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