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Em 2005 – desculpem falar de mim – publiquei um romance acerca dos portugueses que não querem regressar a Portugal, Longe de Manaus. Dos que estão em todo o lado, África e Américas, e evitam regressar; e dos que “triunfam” lá fora e nunca poderiam triunfar dentro das quatro paredes de Portugal. Conheci-os também em todo o lado. Do delta do Orinoco à Austrália passando pela China e pela Argentina. Por isso, a fábula da emigração dolorosa nunca me comoveu mais do que por uns instantes: os portugueses buscam a vida onde ela está. Foi sempre assim. Ontem, num encontro do Conselho da Diáspora, disseram-se coisas interessantes sobre a facilidade com que os portugueses se integram noutros lugares, e o ministro dos Estrangeiros acha que se trata de um “caso de estudo”. Há mais de quinhentos anos que é um “caso de estudo”. Há quem pense que vileza da pátria pode sarar de tempos a tempos, mas no geral temos raízes flutuantes. Somos como Zellig, aquele personagem de Woody Allen que se metamorfoseava consoante o lugar e a época em que se encontrava. Isso é um bem inestimável.
[Da coluna no CM]
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