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A presidente da Raríssimas definiu bem a coisa: “O guito há de aparecer.” Ela sabia – porque aprendeu com as dificuldades – que é preciso estar na “mó de cima” e que para isso é bom ter “os amigos certos”. No episódio político da Raríssimas está uma história patética do regime e da oligarquia dominante. Ela compreendeu bem a natureza do nepotismo e da endogamia portuguesas (querem dar uma olhadela às genealogias da banca, da administração pública e da vida política?), estendeu as armadilhas apropriadas e teve benefícios que julgava normais (“os que se praticam” habitualmente, e a preço de mercado, como percebeu). Podemos criticar-lhe tudo (e há bastantes motivos) mas não a intuição e a clareza ao lidar com a oligarquia a fim de “estar na mó de cima”, como ajuizadamente escreveu. Nada existe de novo no “caso Raríssimas” que não exista no regime familiar que vem de 1834 até hoje, com poucas e inócuas convulsões. Lições para o futuro? As que vêm na literatura desde há séculos: ela regressa a casa e assistirá ao desfile dos que vão dizer que, afinal, não a conheciam.
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