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É um dos livros do ano – Tempo de Raiva, do anglo-indiano Pankaj Mishra (Temas e Debates) analisa os laços da violência entre as várias utopias, do comunismo ao nazismo, do populismo aos vários messianismos. Mishra situa essa onda de raiva lá mais atrás, no século XVIII, e lê de uma forma mais perversa as implicações do Iluminismo, marcado pelo ressentimento de figuras afinal pouco exemplares, como Voltaire ou Rousseau, que se julgavam iluminados – ou pelo saber ou pela casta a que pertenciam, a dos inteletuais da era da Razão. No seu novo livro, Bárbaros e Iluminados. Populismo e Utopia no Século XXI (D. Quixote), outro dos livros do ano, Jaime Nogueira Pinto aborda o problema de forma semelhante e desenha um confronto entre bárbaros e iluminados – em que estes são os herdeiros das utopias e da Razão, cercados pelos bárbaros (de Trump aos populistas europeus) e inimigos das Luzes e das suas conquistas, num mundo em que cresce a tentação pelo autoritarismo. Ondas de raiva, tempo de ressentimento – periodicamente somos assaltados pelos demónios da destruição.
[Da coluna no CM]
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