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Dez anos de parvoíce ninguém nos tira.

por FJV, em 04.12.17

Durante a bela conversa (700 pessoas ao ar livre, ao princípio da noite de sexta-feira passada, 4 graus, mantas nos joelhos) entre Michael Palin e Ricardo Araújo Pereira, no Festival Literário de Viseu (Tinto no Branco), o membro dos Monty Python referiu-se ao ‘politicamente correto’ (PC) e ao medo de dizer o que se pensa – porque pode suscitar “ondas de indignação”. Só um louco se atira de frente contra essa muralha. Mas o PC não tem apenas a ver com a correção política e “sentimental” dos tempos que correm. Veja-se a celebração do Natal, uma festa religiosa global, é certo, mas de raiz cristã – as empresas, as instituições, as pessoas, evitam desejar ‘Bom Natal’ e passaram a mencionar “as festas” para não “ofender os excluídos”, como se a celebração do Ramadão me tornasse um “excluído” ou não assinalar o Yom Kippur me transformasse num marginalizado. O PC é uma muralha letal que tanto proíbe o “quadro de honra” nas escolas como falsifica a História para que ninguém se queixe de ter sido derrotado ou ninguém tema ser quem é. Dez anos de parvoíce ninguém nos tira.

[Da coluna no CM]

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