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O Zé Pedro era um cavalheiro do rock. Com tudo o que isso transporta – vários grãos de loucura que o acompanharam nos seus passos pelo lado errado da vida; e outros tantos de elegância e generosidade. Era um guerreiro do rock que não se converteu ao pop (nunca perdeu os seus laços com o punk), e isto é um grande elogio; um dos rostos mais ilustres do palco, dentro – naturalmente – e também fora dos Xutos. Conheci-o para falarmos de livros – ele lia bastante, como tem de fazer uma boa estrela do rock – e fiquei surpreendido com a sua erudição, o seu conhecimento da história da música e da história da literatura ou o seu interesse pela poesia. Um dia tive a sorte de assistir a uma conversa deliciosa do Zé Pedro com Tony Bellotto (guitarrista e compositor dos Titãs, a banda brasileira, autor de romances policiais – o Zé Pedro apresentou um desses livros): foi uma grande lição sobre a natureza, a identidade e a densidade do rock dada por um homem genuinamente bom, informado, jovial, que era agradável ouvir. Fiquemos em silêncio por instantes, como um último acorde.
[Da coluna no CM]
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