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Um dos livros da minha adolescência foi O Desprezo, do italiano Alberto Moravia, e ainda hoje não consigo explicar como o livro (uma belíssima edição da Ulisseia) me foi parar às mãos. Depois, A Atenção, A Romana e, claro, La Ciociara, além dos contos de O Autómato e de O Amor Conjugal. Bom, era uma adolescência atípica, confesso, porque Moravia pertencia à anterior – não era um brilhantíssimo escritor, mas as suas histórias, adaptadas ao cinema (La Ciociara por Vittorio De Sica, O Conformista por Bertolucci, por exemplo, histórias do pós-guerra), resultavam bem nos tempos do compromisso histórico e sintetizavam o seu alinhamento político (foi toda a vida militante do PC italiano). Moravia, de quem hoje se assinala o 110.º aniversário do nascimento, acompanhou todo o século italiano – o seu primeiro romance, Os Indiferentes antecipava essa ligação entre o seu realismo socialista e um certo existencialismo, aliança sedutora que foi moda europeia. Ao recordá-lo, sinto uma certa nostalgia por aqueles livros – e pela sua imagem de homem compreensivo.
[Da coluna no CM]
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