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Bons tempos – a frase soa a velharia, eu sei – em que um livro era um livro e tudo o que despertava das suas páginas. Veja-se o que se passou em Frankfurt, no anúncio do país convidado para a grande feira do livro de 2021, que calha ser Espanha. Uma imensa galeria de autores passou pela minha cabeça, de Cervantes a Javier Marías, passando por Clarín ou Ballester, Montalbán ou Unamuno, Galdós ou Campoamor, Alberti ou Gimferrer, Quevedo ou Machado, Mendoza ou Marsé, Lorca ou Vila-Matas. Imaginei-me a passar pelos vários quilómetros de livros dos pavilhões de Frankfurt a deliciar-me com as belas edições espanholas, a vitalidade da sua ficção, mesmo os campeões de vendas (como Reverte) – e a tomar um xerez ou um ‘viño de Ribeiro’, parlapiando aqui e ali com um editor ou um autor. Mas o ministro da cultura espanhol chamou-me à realidade, segundo o que leio na imprensa. Eles não vão apresentar “apenas livros” mas também “a indústria criativa”, “videojogos”, gastronomia e “direitos mediáticos”, cinema e provavelmente apps para o uso de especiarias andaluzas. Admirável mundo novo.
[Da coluna no CM]
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