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Na vida dos grandes autores, há sempre presenças tutelares, em segunda linha, movendo-se na penumbra – mas que foram essenciais na história da literatura ou, pelo menos, na obra desses autores. Alberto de Oliveira Luís ou, como nós (jornalistas, escritores, visitantes) o tratávamos, “o Doutor Alberto Luís”, era uma pessoa discreta, acolhedora e simpática que nos habituámos a ver na companhia da sua mulher, Agustina Bessa-Luís, com quem casou em 1945 – o episódio é contado por várias vezes, e respira literatura, como se fosse arrancado a uma página de ‘Memórias Laurentinas’: conheceram-se através de um anúncio de jornal. A cumplicidade entre os dois era enorme; tal como a admiração de um pelo outro e a dedicação de Alberto Luís a uma obra tão complexa e, por vezes, tão cruel para as “relações amorosas”. A sua mão invisível está lá: numa aguarela, num trabalho de investigação, na fixação do texto, na dactilografia do livro, na leitura, na intimidade de uma das nossas vozes mais poderosas e avassaladoras. Uma parte grande de Agustina partiu neste domingo passado.
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