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Houriaa Bouteldja é uma das “figuras famosas” da esquerda francesa e do partido Indigènes de la Republique (PIR), com laços difusos ao grupo da França Insubmissa de Jean-Luc Mélenchon (através de Danièle Obono). Houria defende a “lutte des races sociales” (porque a raça é uma construção social) e denuncia a repressão do anti-semitismo (a Charlie Hebdo, por exemplo, é “sioniste et ami des puissants”) e tem uma paixão duradoura por Jean Genet, com um interessante argumento: “Ce que j’aime chez Genet, c’est qu’il s’en fout d’Hitler.” Bonito. Ao saber que Genet saúda a invasão nazi da França, Houria não se contém: “Il y a comme une esthétique dans cette indifférence à Hitler. Elle est vision. Fallait-il être poète pour atteindre cette grâce?”
Publicou um livro intitulado Les Blancs, les Juifs et nous. Vers une politique de l’amour révolutionnaire, onde propõe um amor revolucionário aos seus inimigos (brancos e judeus), exceto a Finkielkraut, um dos grandes “récits racistes” da França de hoje – o livro fez algum sucesso nos EUA (em Berkeley sobretudo), não se sabe se pelo ódio de Houria a Sartre (“Fusillez Sartre!”), visto como um sionista, se por considerar Frantz Fanon um profeta. Esta aparente contradição (Fanon tinha uma grande admiração por Sartre) explica-se: a viúva de Fanon odiava tanto Sartre (justamente, com o argumento de se tratar de um sionista) que mandou retirar o célebre prefácio à edição de Les Damnés de la Terre.
Outras ideias de Houriaa Bouteldja: a Europa tem uma ideologia oficial, a do Holocausto; a homossexualidade não existe nos bairros populares e é uma criação da burguesia esquerdista e dos brancos em geral; é contra os casamentos mistos; e abater um israelita é “faire d'une pierre deux coups, supprimer en même temps un oppresseur et un opprimé: reste un homme mort est un homme libre”. Bravo. Ainda sobre o judaísmo, uma tirada: “Reconhece-se um judeu não porque ele diga que é judeu, mas pela sua sede em se fundir na raça branca.” Sobre violência sexual: “Se uma mulher é violada por um negro, é compreensível que não apresente queixa, a fim de proteger a comunidade negra.” É uma figura.
Edição colombiana de Longe de Manaus – esta semana nas livrarias.
Simplesmente maravilhoso, isto, no Malomil.
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