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Ninguém se recorda hoje de Jean-Pierre Melville, não só por ser francês, mas também porque a sua obra nunca foi verdadeiramente popular, tirando talvez o caso de Cai a Noite Sobre a Cidade (de 1969), uma tradução livre para Un Flic (Um Chui), com Alan Delon e Catherine Deneuve. É uma história de maus e bons que amam a mesma mulher (o ‘mau’ é Richard Crenna, que mais tarde apareceria em Rambo ou em Noites Escaldantes, de Lawrence Kasdan). O mundo dos ‘maus’ aparece frequentemente em Melville, como em Ofício de Matar (Samurai, 1970), também com Delon, que é o primeiro rosto de O Círculo Vermelho, com Gian Maria Volonté e Yves Montand. Melville (o apelido verdadeiro é Grumbach, mas quis homenagear o autor de Moby Dick) é uma das estrelas do film noir, o policial francês. A sua dimensão literária é permanente (em 1949 realiza Le Silence de la mer, adaptando o romance de Vercors); melancólico, nostálgico, depressivo, o seu olhar capta a solidão de heróis perdidos e funestos. Passam hoje 100 anos sobre o seu nascimento e, tal como a própria melancolia, é um nome fora de moda.
[Da coluna do CM]
Tristão da Cunha, primeiro vice-rei da Índia (e primo do seu sucessor, Afonso de Albuquerque), nunca pôs o pé na ilha de Tristão da Cunha, que descobriu em 1506, e que é hoje domínio inglês (aliás, cegou e não chegou a ocupar o cargo na Índia, acabando por ser ele o organizador da embaixada de D. Manuel ao papa Leão X). A mesma coisa aconteceu com Gonçalo Álvares, navegador de Vasco da Gama, que nunca pernoitou na ilha de Gonçalo Álvares, a 400 quilómetros. Nenhuma destas ilhas (6 no total), parte do arquipélago de Tristão da Cunha, tem aeroporto; é preciso apanhar um navio na África do Sul, mas sem carreira regular. A 2400 quilómetros fica Santa Helena (4 mil habitantes), a capital do território britânico de Santa Helena, Ascensão e Tristão da Cunha. Quem descobriu Santa Helena, onde Napoleão morreu no exílio? Um navegador ao serviço de Portugal, João da Nova, que também descobriu Ascensão (1501). O primeiro ocupante da ilha foi o soldado português Fernão Lopes, que aí viveu em completa solidão por 30 anos depois de ter sido desfigurado às ordens de Albuquerque por, em Goa, se ter passado para o inimigo e se ter convertido ao Islão. Resumo da história: no sábado passado foi inaugurado o aeroporto de Santa Helena. Digam lá se não dava um filme.
[Da coluna do CM]
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