Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Houve um tempo em que a Finlândia era o modelo. Se na pátria de Sibelius as turmas de liceu tinham 17 alunos, nós expulsávamos o 18.º. Se na Finlândia tinham deixado de estudar sentados, em Portugal eliminavam as cadeiras. Se lá escreviam tudo em tablets, nós queimaríamos os cadernos. Lembro-me de um primeiro-ministro, orgulhoso de as crianças da primária passarem – como na Finlândia – a desenhar formas geométricas nas aulas, não com giz num quadro, mas com a ajuda de um computador. Ainda houve quem dissesse que desenhar um hexâmetro à mão era pedagogicamente mais indicado – mas para quê? Havia a Finlândia, onde, aliás, deixaria de se escrever à mão. Ora, a Finlândia é um país belíssimo, mas tem muitas coisas idiotas. O CM de anteontem comoveu-me com a imagem de Prakriti Malla, uma nepalesa de 14 anos que tem a mais bela caligrafia do mundo; a sua letra é maravilhosa, perfeita, pode ser lida por todos. Sou um fanático de “escrever à mão”: a letra manuscrita completa-nos, ajuda-nos a pensar melhor, a compreender melhor e cuidar da nossa língua. Vão lá à net ver a caligrafia de Malla.
[Da coluna do CM]
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.