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Em determinada passagem de O Fantasma de Harlot, um maravilhoso romance de Norman Mailer sobre a CIA, os Kennedy e os falhanços da América, há um encontro entre dois espiões – um russo e um americano (Harry Hubbard, o protagonista). O soviético está convencido de que a URSS é um tormento, mas não desertará para a América (ao contrário de Hubbard, que se refugiará em Moscovo) que, diz ele, profeticamente, já não é a casa do sonho, dos inventores, do barroco criativo, da arquitectura humanista. Ele quererá dizer que já não é a América de John Hay ou Henry Adams, por exemplo. Por isso, a decisão da administração Trump em acabar com a “lei dos sonhadores” (ou seja, os 800 mil jovens chegaram ao país indocumentados quando eram crianças) não é apenas o incumprimento da promessa de nacionalidade; é a perversão da “grande ética americana”. Os republicanos, esquecendo que foram eles a imaginar essa América, entregaram-se a um bando de ignorantes e a uma casta de obtusos. Ao assinar este decreto, o governo envergonha os republicanos de há um século e a América de sempre. Trump acabará mal.
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