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A mensagem do Estado Islâmico para Espanha é de uma grande perversidade. Não só declara que o atentado de Barcelona foi a primeira incursão da sua jihad em Espanha (ou seja, desvaloriza o ataque de Atocha em 2004) mas insiste na memória do Califado desfeito no século VIII, e do mapa de al-Andalus. Ao longo das duas últimas décadas, uma malha de radicais islâmicos estabeleceu-se no litoral espanhol do Mediterrâneo, sobretudo em Barcelona – ao ponto de as autoridades policiais da Catalunha, para mostrarem a sua “singularidade” (face ao “espanholismo”), desvalorizarem avisos das polícias belga e francesa sobre essas células. A invocação do Califado não é inocente; a promessa da sua reconstituição está na letra do wahabismo e no espírito das alianças que no final do século XIX se fizeram nas montanhas do Iémen e que têm alimentado o fundamentalismo islâmico e o poder das grandes famílias da região. À distância, o passado faz sentido; mas para nós, que vivemos só na passagem do século XX para o XXI, julgando que a vingança estava esquecida, parece uma história de conspiração e fantasmas.
[Da coluna do CM]
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