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Quando comecei a escrever sobre viagens, no início dos anos 80, havia lugares tão sombrios como maravilhosos para descobrir. Atravessar África de uma costa à outra, descer a América do México à Antártida, cruzar as rotas do Médio Oriente ou subir pela Ásia até à Mongólia: era difícil, um desafio sem comodidades, uma tentativa de chegar a “um lugar único”. Hoje, qualquer “lugar único” desses tempos tem um ‘spa’ igual aos do Algarve, cozinha gourmet como a de Tóquio e uma rede ‘wifi’ que atravessa o deserto. Claro que há sempre possibilidades, mas não convém falar delas (são o nosso segredo). Eça dizia que o mundo se estava a tornar banal e que um dia chegaríamos a Tombuctu para encontrar um cavalheiro local a ler um jornal de Paris. A diferença seriam as pessoas, as suas histórias, a sua comida, a sua língua. Com a televisão e a net há cada vez menos diferenças (além das guerras – vejam no mapa) e há quem venha a Lisboa para comer um sushi igual ao de Los Angeles. Este ano, as minhas férias foram entre casa e a esplanada do café do bairro. A ler e a dormir, feliz como um selvagem.
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