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Periodicamente, os tribunais portugueses produzem textos magníficos – à semelhança do que acontece em outros países onde os acórdãos vêm com suplementos de rococó e os seu redatores têm pontaria para a má gramática. Neste caso, de que os leitores se recordam e de que ontem o CM se fez eco, um tribunal considerou que a indemnização a uma senhora de 50 anos – depois de uma intervenção cirúrgica mal sucedida e que praticamente a impedia de ter relações sexuais –podia muito bem ser reduzida porque, vamos lá, nessa idade “a sexualidade não tem a importância que assume em idades mais jovens”. Sim, há outras coisas (a cozinha, as conferências da Proteção Civil, o voyeurismo, o tai-chi, a lista vai por aí adiante), mas a sexualidade aos 50 anos é muito interessante. Reduzi-la a uma prática para adolescentes e procriadores não me parece decente. As heroínas de Balzac, que no Séc. XIX tinham 30 anos, teriam hoje 45, a idade em que tudo recomeça e que, valha-nos Deus, torna as pessoas interessantes. O Tribunal Europeu condenou Portugal por discriminação sexual. Devia ser por inanidade.
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