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Grandes livros.

por FJV, em 04.05.17

Há alguma razão para falarmos dos “Grandes Livros”? Há. Por causa do tempo que eles transportam, por serem uma exceção à mediocridade, por terem resistido à passagem de milhões de outros livros, por terem criado mundos que só dependem das suas páginas. Em tempos envolvi-me em discussões sobre o Plano Nacional de Leitura e a sua extensão – com tantos livros incluídos nessa lista, correríamos o risco de não haver distinções entre os “Grandes Livros” e aqueles que se limitam a não padecer de erros ortográficos. Mas era uma batalha perdida. Uma das perversões do “julgamento democrático” assenta nesta pergunta básica: “Quem decide o que são os Grandes Livros?” Um grupo de iluminados? Não vale a pena argumentar. O anti-elitismo, em matéria literária, leva mais rápido à mediocridade geral, que pode ser saborosa, mas não distingue o mau do bom. Eu também gosto de maus livros (e de maus filmes), mas não forço ninguém a gostar de maus textos e de maus exemplos. Já em relação aos “Grandes Livros” – tenho saudades deles todos os dias. E tenho pena de a escola os ter expulsado.

 

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Baleia azul.

por FJV, em 04.05.17

Está a decorrer, em surdina e cheio de palavras roubadas à “psicopedagogia” radiofónica, um debate sobre o Baleia Azul. Ouvi mencionar a solidão dos adolescentes, a atração pelo abismo, a falência do sistema de ensino, a falta de perspetivas de emprego (tinha de aparecer), os malefícios da internet, a cultura do risco (ui), a importância de consultas com neuropediatras (ui, ui), a depressão infantil, a privação de dinheiro (juro) – e tomei conhecimento da existência da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, além da “culpa” dos pais que não vigiam os filhos mas que, se vigiassem, seriam culpados de vigilância intolerável. Faltou falar da troika, do populismo, de sexismo e xenofobia, do peso das mochilas, mas acredito que estamos a tempo. Por simpática distração, suponho, os psicopedagogos consultados não se referiram à natureza criminosa do jogo (que incita à morte, o que é crime e basta), à falta de atuação da polícia, que nestes casos parece uma agremiação de sociólogos transcendentais, e ao carácter geralmente imbecil de muitos adolescentes.

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