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Fernando Campos (1924-2017) apaixonou-se pelo ‘Itinerário de Terra Santa’, de Frei Pantaleão de Aveiro – essa foi a base de ‘A Casa do Pó’ (1986), um romance monumental que reabilitou o romance histórico entre nós – ou o reinventou, se quisermos dar crédito a novelas do século XIX português. Mas o mais misterioso de tudo era o nome do autor: um desconhecido professor de Grego, Latim e Português no ensino secundário que, aos 62 anos, publicava o seu primeiro romance. Foi este homem que, em poucos anos, escreveria sobre mitos, figuras e períodos da história portuguesa, como D. João II (‘A Esmeralda Partida’), Damião de Góis (‘A Sala das Perguntas’), D. Francisco Manuel de Melo (‘O Prisioneiro da Torre Velha’) ou Gonçalo Mendes da Maia (o belo e magnífico ‘O Cavaleiro da Águia’). Ninguém conseguiu escrever romance histórico como ele, unindo Língua, História e curiosidade, sem querer coincidir as opiniões contemporâneas com a época que tratava. Campos, que morreu este fim de semana, era um homem humilde e curioso – e um amabilíssimo cavalheiro. A sua voz suave era um sinal de grandeza.
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