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Barcelos

por FJV, em 27.03.17

Serão os homicídios de Barcelos suficientemente sórdidos e graves para serem ignorados pela “imprensa bem comportada”? Assim parece. O discurso sobre a “violência doméstica” tem sido sobretudo um metadiscurso – é sobre os outros, não tem a ver com factos. Chamar esses factos à primeira página é, portanto, “fazer o jogo do CM”. Como ontem lembrava o psicólogo Filipe Nunes Vicente no seu blogue (‘Depressão Colectiva’), “se quatro  activistas ambientais, ou imigrantes, ou ciganos, ou activistas LGBT fossem degolados em meia hora numa aldeia minhota, a comoção na Lisboa mediática letrada era brutal”. As imagens de Barcelos não são o retrato da “pátria moderna” de onde a “violência doméstica” deve ser arredada a todo o custo. Com certeza. Mas, a juntar a essa indiferença, a outra: por tudo o que ocorre longe de Lisboa ou parece confinar-se “à província” – e, se é coisa “de província” pois que se mantenha lá, onde pertence, escondida. Esta disfuncionalidade explica muita da ignorância dos políticos sobre o seu país. Mas não justifica o silêncio de parte da imprensa.

 

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