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Começar o ano.

por FJV, em 02.01.17

O que sobra do primeiro dia do ano? Revi a melhor das adaptações de Orgulho e Preconceito ao cinema (com Keira Knightley e Matthew MacFadyen – não, não é a de Lawrence Olivier, lamento; quando muito seria a da televisão, com Colin Firth). Entrei na derradeira etapa de um romance de Don Winslon sobre o narcotráfico mexicano. Também constatei que as temperaturas baixaram. Que metade dos comentadores televisivos, à falta de melhor, estava ocupada com questões de economia, como nos últimos dez anos (e no entanto, vemos a tempestade avançar). Que há sempre gente feliz a mergulhar no mar de Cascais. Que o aumento do PIB foi poucochinho. Que a Turquia continuará a colher o que semeou. Cozinhei e comi, um sinal de felicidade. O dia 1 de janeiro nunca parece o primeiro dia do ano. Adio sempre a lista das “resoluções do ano novo” para o dia de Reis. Vai estar mais frio, nessa altura. Terão acabado “as Festas”. T.S. Eliot dizia que abril era o mês mais cruel; janeiro é o mais longo, o que também fará dele cruel – e frio. Todos os anos se repete este receio anunciado.

Dissemos adeus a Nicolau Breyner; todos gostávamos dele, mas muitos não mereciam. Dissemos adeus a David Bowie, a Prince ou a Fidel Castro. Alguém acreditava que demoraria tanto tempo para que os cientistas reconhecessem a teoria da relatividade, de Einstein? Alguém acreditava que um governo podia nascer com base no partido mais derrotado nas eleições? Alguém acreditava que Marcelo podia despedir-se dos seus comentários políticos na televisão (e, de facto, não se despediu – diz-se)? Alguém iria imaginar que uma equipa de futebol especialista em empates podia ganhar o Euro? Alguém acreditava que Nice, Paris, Bruxelas, Orlando e Berlim iriam ser atacadas por comandos de lunáticos islamitas? Alguém ia acreditar que PCP e BE podiam ser metidos no bolso? Alguém – há um ano – acreditava que Trump podia ser presidente dos EUA? Alguém acreditaria que Bob Dylan podia ganhar o Nobel da Literatura? Quem acreditava, há uns meses, que Guterres podia ser secretário-geral da Onu? Alguém acreditava que os discos de vinil iriam regressar? Alguém acreditava que Leonard Cohen podia morrer?

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