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O oiro de Portugal.

por FJV, em 28.11.16

 A ceia dos mais pobres era composta de batatas cozidas, pão e azeite. O azeite era uma iluminação nesse prato de esmalte: o seu brilho à luz mortiça das cozinhas não evocava a beleza dos campos, nem os hotéis com spa entre as oliveiras, mas a luta pela sobrevivência, o único sabor que se acrescentava àquelas batatas. Sou ainda desse tempo: um fio de azeite. Aprendi o sabor desse azeite essencial e apanhei (em janeiro) as azeitonas nas encostas do Douro, como o fazia a minha família. Com o tempo, a vida passou a ser muito melhor. Edgardo Pacheco é de outra geração e reúne, para nossa alegria – e espanto meu, naturalmente – 100 azeites diferentes num livro (Os 100 Melhores Azeites de Portugal, bela fotografia de Jorge Simão, edição Lua de Papel), juntando história, receitas, recomendações amáveis, sabedoria, conhecimento. Também sou ainda desse tempo: o azeite tinha um sabor amargo de terra e de granito, evocando o frio da geada e as oliveiras que passavam de gerações em gerações. O grau de sofisticação a que Edgardo Pacheco o eleva, neste livro, faz da minha memória um festival de gratidão.

[Da coluna do CM]

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