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Intelectual, aventureiro, escritor, político – André Malraux (1901-1976) teve contra si os ventos da história do final dos anos sessenta, depois de um período de glória (talvez o derradeiro da velha cultura francesa) em que romances seus, como A Condição Humana ou A Estrada Real, resumiam o espírito do tempo: a parceria entre ética e política, o combate entre o indivíduo e a multidão. Talvez hoje a sua obra possa ser lida de outra forma. As Vozes do Silêncio (que deu lugar a uma série de televisão) ou O Museu Imaginário são duas obras monumentais sobre a necessidade da arte; os seus discursos tornaram-no famoso, num tempo que vivia de grandiosidade e opulência, impossíveis hoje. O Maio de 68 afastou-o definitivamente do palco e passou a ser insultado mas pouco discutido; o que lhe sobrou em pessimismo e penumbra (dramas pessoais e familiares, por exemplo) trouxe-lhe também um tom visionário e místico (“O próximo século será espiritual ou não será nada.”). Vergílio Ferreira dedicou-lhe um ensaio prodigioso, Interrogação ao Destino – Malraux morreu há exatamente quarenta anos, que passam hoje.
[Da coluna do CM]
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