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Há duas ou três coisas que não se podem criticar entre nós: o papa Francisco, o sushi e a ‘web summit’ de Lisboa. Esta onda de unanimidade arrasta-nos para um mundo de pré-censura onde uma desorganizada, mas muito ativa, polícia do espírito se encarrega de esclarecer o que não se pode dizer, o que não se pode criticar, o que não se pode pensar – quem o fizer é excluído do círculo de eleitos e iluminados. Isto tem a ver com tudo. Tem a ver com política, com as palavras, com os gestos, com a obrigatoriedade do otimismo. Por exemplo, em redor da ‘web summit’. Alguém perguntou o que iam realmente lá fazer Rui Costa, Luís Figo, Bruno de Carvalho ou Patrícia Mamona? Esta última ajuda a preencher a quota de duas mulheres em 20 portugueses? Luís Figo é um exemplo para empreendedores? Os políticos foram na sua qualidade de mestres de cerimónias? Fazer estas perguntas é meio caminho andado para ser olhado de viés. Como se pode pensar que a ‘economia digital’ e o otimismo dos seus sacerdotes não são o maná dos céus – e não uma nova espécie de Bezerro de Ouro? Façamos estas perguntas enquanto é tempo.
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