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Mustafa Kartal já pode regressar a Portugal. E espero que o faça como herói – porque é um exemplo. Primeiro, porque enfrentou uma dúzia de adolescentes imbecis (um grupo onde havia armas de fogo) que, em abril passado, atacaram o seu restaurante no Cais do Sodré; depois, porque enfrentou a burocracia portuguesa, exigindo (em Ancara, no seu país natal) regressar a Lisboa como imigrante, seja para vender sapatos (como queria inicialmente), seja para reabrir o restaurante. A militância pró-imigrante não o defendeu como devia – não cabe no modelo televisivo –, mas Mustafa Kartal é uma figura de romance. Como muitos que, na primeira década do século, se estabeleceram em Portugal vindos da Ucrânia, da Rússia, da Eslovénia, da Bulgária e se juntaram aos de Cabo Verde, do Brasil ou da Guiné, Mustafa conta, além disso, uma história vulgar no Mediterrâneo de antigamente: uma imigração flutuante e criadora de uma nova “classe média” cujo passaporte se dilui conforme as oportunidades de vida. Mustafa Kartal é nosso. Sejas bem bem-vindo, Mustafa. Espero que o kebab seja bom – para que frutifique, digamos.
[Da coluna do CM]
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