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Turgéniev defendido pelo Kremlin

por FJV, em 08.06.16

A Rússia está indignada com Ivan Turgéniev (1818-1883). Foi ele o criador do termo ‘niilista’, emprestado a uma das suas personagens, Ievgueni Bazárov (no romance Pais e Filhos), um homem que detestava “ambos os lados da contenda” (ou seja, os “modernizadores da Rússia”, tanto como os representantes da “velha Rússia”). Esta perspetiva não foi apenas a de Bazárov, antes marcou obras tão decisivas como as de Soljienitsine (os ocidentais e os comunistas), Pasternak ou Bulgakov. Desta vez, uma editora inglesa, a Penguin, decidiu usar uma frase de Turgéniev para publicitar a sua coleção de clássicos: “Aristocracia, liberalismo, progresso, princípios... palavras sem utilidade. A Rússia não precisa delas.” O Kremlin não gostou e atacou a utilização fora de contexto de Turgéniev pelos ‘ocidentais’. Bom, a verdade é que Turgéniev acabou por abandonar a Rússia e ir viver para França, onde morreu – e também é verdade que a Rússia de 2016 nunca deixou de ser a de 1862. Aliás, qual o mal de pensar como Bazárov?

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Padre Carreira.

por FJV, em 08.06.16

Existem largas suspeitas sobre o comportamento condescendente do papa Pio XII e da igreja Católica durante a II Guerra, ignorando o Holocausto. Nesse ciclo de horror – do qual o governo de Salazar foi também cúmplice –, os nomes portugueses de Sousa Mendes, Brito Mendes e Sampaio Garrido serão lembrados por terem contribuído para o auxílio aos judeus perseguidos. Mas há um nome desconhecido, o do padre Joaquim Carreira (1908-1981), reitor do Colégio Português de Roma durante a II Guerra, e que nessa qualidade concedeu proteção a centenas de perseguidos pelo nazismo e pelo fascismo. É essa a matéria do livro de António Marujo, A Lista do Padre Carreira (publicado pela Vogais), uma reconstituição da generosidade de monsenhor Carreira (falta algum material biográfico sobre os anos de depois da guerra, e sobre o fim do seu reitorado no Colégio – ninguém acredita que, nos anos 50, Carreira se tivesse retirado do Colégio Português para um exílio recatado, sem ter entrado em conflito com a igreja portuguesa). Mas a descoberta desta figura (que o museu Yad Vashem, em Jerusalém, inclui no número dos justos) é um trabalho notável de jornalismo: com um grande conhecimento de matéria teológica, Marujo recolhe documentos e testemunhos, ordena a história desses anos e escreve um livro apaixonante.

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