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Desde o manifesto dos empresários pela “manutenção dos centros de decisão” em Portugal que não havia tanto patriotismo à vista (apesar de, passados meses, alguns desses empresários se terem vendido, como lhes competia, ao inimigo estrangeiro); falo da ideia de resistir à “ocupação espanhola da nossa banca”, perseguida por mais empresários que têm em vista o bem da Pátria. Para lá de patriótica, é uma iniciativa tão generosa para todos nós, além de tão exigente em matéria legal, que empresários, governo e Presidente da República andarão de braço dado a promovê-la, sem falar de a negociarem em segredo. Eu preferia que, em vez da Caja Madrid, se abrissem balcões da Caixa Faialense – mas já me avisaram que desapareceu, e que o Barclays, inglês, vendeu as suas contas portuguesas ao espanhol Bankinter. O Totta, aliás, foi vendido por patriotas portugueses a diabólicos castelhanos. Mesmo assim, os portugueses sabem que uma banca estrita e exclusivamente lusitana é que é bom; a prová-lo, o sucesso de “bancos de bandeira”, valentes condestáveis da nossa finança, como o BPN, o BPP ou o Banif, para não falar no BES – tudo exemplos de gestão de proximidade e de tão bons e inesquecíveis serviços prestados aos portugueses, que estes nunca se recusaram a pagar os seus rombos.
Quando Hugo Chávez decidiu perseguir e encerrar emissoras de televisão, jornais e estações de rádio, houve responsáveis políticos portugueses (incluindo um ex-presidente da República) que manifestaram apoio à decisão do caudilho venezuelano ou que, pelo seu silêncio, a acharam “compreensível” (tal como a detenção arbitrária do líder da oposição). Basta ir à imprensa da época para o confirmar. Tê-lo-iam feito em Portugal? Talvez não, supõe-se que por pudor e porque seriam talvez varridos do mapa político. Já em relação ao Brasil, por exemplo, o Bloco de Esquerda e o PCP têm menos pudor, e agitam – cada um à sua maneira – a bandeira do “golpe de Estado”; ou seja, acham legítima e justificada a nomeação de Lula como ministro político a fim de poder escapar à investigação judicial; e, portanto, concordam com as pressões que Lula e Dilma Rousseff fizeram e mandaram fazer junto dos tribunais, da polícia e do senado para suspender as mesmas investigações. Ficámos a conhecer a posição que estes dois partidos tomariam caso uma situação semelhante, por hipótese, ocorresse em Portugal. É uma informação muito útil.
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