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Na adaptação televisiva de The Night Manager (O Gerente da Noite, canal AMC, a mais cara produção da BBC – com Tom Hiddleston, Hugh Laurie e Olivia Colman –, livro publicado pela D. Quixote), o primeiro romance de John Le Carré depois da queda do Muro de Berlim, um dos personagens masculinos aparece, no ecrã, transformado em mulher. Em vez de encarar o assunto como uma violação de identidade ou com a trapalhada da “questão de género”, John Le Carré (também produtor da série) explicou as coisas com simplicidade: sim, na época (o livro foi publicado em 1993) era difícil ter colocado uma mulher como uma das protagonistas do livro, era um mundo dominado por homens – mas 20 anos depois é natural que a adaptação televisiva altere o equilíbrio de forças na escolha de personagens. Esta lição de John Le Carré é de uma simplicidade que não requer esforço para ser compreendida: nem alterando o texto original (onde Leonard Burr ainda não sabia que ia ser substituído pela feroz Olivia Colman), nem deixando de ser uma versão para os nossos dias. Uma discreta lição de tolerância que merecia um prémio.
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