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Os velhos são manhosos.
Demoram-se a apanhar a fruta, sabem
que podem saber chegar ao fim da figueira.
Os velhos arrastam os pés em direcção à saída,
esgotam-se ao sol seguinte.
Cortam-se por vezes no vidro de emergência,
no buraco para o exterior.
Têm visões extraordinárias,
receitas específicas para o barroco do poema
e do mel.
Escrevo para os velhos.
Filipa Leal, Vem à Quinta-Feira (Assírio & Alvim), 2016.
A cidade de Salisbury (Salisbúria, pode ser), no sul de Inglaterra, evoca a tremenda torre da sua catedral (o coruchéu, em forma de pirâmide, tem 123 metros de altura), uma jóia com 758 anos e onde se conservam alguns fragmentos de uma das quatro cópias da Magna Carta – a sua construção terminou em 1258 e, pelos anos fora, foi um emblema da igreja anglicana, mas também da obra de pintores como Constable e Turner, ou de um romance de William Golding (The Spire, a história da construção), Nobel inglês, autor de O Deus das Moscas, para não falar da inspiração obtida por Ken Follet para o seu best-seller Os Pilares da Terra. Chega de história. A fim de dar mais vida ao local (um sítio belíssimo, convido a visitar), a diocese pediu a uma escultora que expusesse duas obras suas diante da catedral. Ao fim de alguns dias, teve de retirar uma das esculturas a pedido das autoridades civis, com o argumento de que muitas pessoas tinham chocado com ela enquanto falavam ou escreviam mensagens ao telefone – e se tinham magoado. Não sei se o género humano foi feito para apreciar uma beleza que não venha no telefone.
Excelente nota de Vital Moreira sobre o apedrejamento da Língua Portuguesa.
Aqui: Jorge de Sena e os escritores do Montecarlo.
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