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O desafio perdido.

por FJV, em 26.02.16

Durante umas das sessões das Correntes de Escritas, Manuel Alegre alertou para a ditadura do mau gosto na literatura – uma invasão que, em seu entender, tem o patrocínio da “comunicação social’, e que perverte “a palavra do Homem”, já tão atacada pelos vários “males do nosso tempo” (aí, o catálogo é mais vasto). Manuel Alegre tem razão “na generalidade”, como de costume – mas temos opiniões diferentes “na especialidade”, como quase sempre. Ou seja, culpar a “comunicação social” é fácil demais, vem sempre a propósito, como atacar o Bei de Tunes às seis da tarde. Acho preferível preocuparmo-nos com o tipo de ensino da língua e da literatura nas nossas escolas, e também para a ausência de uma educação para a cultura (música, cinema, história das religiões, história da pintura, por exemplo) e para a sensibilidade. O fim dos estudos clássicos, o desprezo pelo passado e pela herança cultural, a cedência ao “contemporâneo” e ao imediato, produzem maus leitores e mau gosto. Sem intervir aí, onde é mais profundo e mais subterrâneo, estaremos a substituir uma ditadura por outra e a não dar margem de opção aos leitores do futuro, que nunca puderam comparar o sublime com o lixo. Esse é o desafio perdido.

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Redes sociais e assim.

por FJV, em 26.02.16

Não vale a pena falar sobre “o impacto das redes sociais na vida contemporânea” nem sobre a “necessidade de inovar na comunicação política”. Para banalidades já basta a própria existência das “redes sociais”, com o seu desfile de tresloucados, analfabetos e potenciais homicidas; quanto à comunicação política, sim, é necessário aproveitar ou, como se diz mais solenemente, “tirar proveito das várias plataformas”. Foi por isso que, em tempo, critiquei Cavaco Silva por usar o Facebook – um presidente não gasta a palavra nas “redes sociais”; se tem alguma coisa a dizer, diz. Já o primeiro-ministro usa o YouTube para explicar o Orçamento de Estado, como se não bastassem os debates quinzenais no parlamento, as conferências de imprensa, as entrevistas, as declarações, o Diário da República e o dr. Galamba. O que faz o primeiro-ministro com vídeos no YouTube? Segundo parece, “esclarece os portugueses” e faz propaganda, as duas coisas em simultâneo, juntando-se ao ruído e equiparando-se a qualquer pobre alma que usa as “redes sociais” para fazer “comentários na hora” e espalhar boatos sobre o vizinho.

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O socialismo é tão saudável.

por FJV, em 26.02.16

Num artigo inspirado e cómico, a Profa. Isabel do Carmo pretende que o neoliberalismo é o culpado fundamental pelo aumento da obesidade. Evidentemente que neoliberalismo não quer dizer nada – é uma amálgama de várias banalidades de uso fácil. Mas compreende-se o essencial: o capitalismo, quando não pode dominar os povos à primeira, envia a sua frente armada de fast food, açúcares, bebidas gaseificadas, carnes vermelhas e aceleradores de ácido úrico e colesterol, contrabalançando-a com o poder da indústria farmacêutica. A ideia não é má. Já o comunismo, que Isabel do Carmo pretendeu em tempos implantar em Portugal, tinha uma raiz muito mais saudável (Lenine sofria de uma úlcera no estômago). Os camponeses que Mao dizimou pela fome, alimentavam-se com menos de uma tigela de arroz por dia, que não provocava distúrbios alimentares. Os campos da morte de Estaline e do socialismo posterior (e anterior), descritos pelos sobreviventes do Gulag, eram oásis de saúde, para não mencionar a política de racionamento dos países libertados pelo comunismo. Coisas radiosas, como sempre. E saudáveis.

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