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Em se tratando de política americana, a Europa acha que se trata de um concurso de beldades da Vanity Fair. Não é. Por isso, a cada semana que passa, os europeus esperam que caia uma bigorna e esmague tanto a criatura como o seu penteado e a possibilidade de Donald Trump ser candidato às eleições presidenciais. Parte dos americanos também. Mas o Trump xenófobo (nas eleições de 2000 acusava Pat Buchanan do mesmo pecado), contra quem as grandes figuras do partido republicano se manifestam diariamente, desesperadas, faz parte da paisagem local (e a “paisagem”, ainda que nos assuste, tem direito aos seus representantes). O que defende ele? Protecionismo económico, 20% de taxas sobre bens importados, 15% de penalização a empresas que se “deslocalizem” dos EUA, fim às intervenções no exterior (o regresso do isolacionismo americano), varrer os oligarcas tradicionais da política, autenticidade, reabilitação da “alma americana”, entre uma vasta série de propostas “patrióticas” que de vez em quando aparecem na cena europeia, sob a capa de populismo, à esquerda e à direita. É a política, mesmo quando é má.
Na coluna diária.
O restaurante Ancoradouro, em Moledo (ao centro, Alfredo e sua Exma. Mãe), recebe Iker Casillas e D. Sara Carbonero. Foi um bom fim-de-semana.
Sherlock Holmes jogava xadrez. No seu bar em Casablanca, Rick (Humphrey Bogart) jogava xadrez enquanto o mundo rodopiava à sua volta. Philip Marlowe, o detetive de Raymond Chandler, jogava xadrez solitariamente. Fernando Pessoa, através de Ricardo Reis, celebrou os jogadores de xadrez (“O jogo do xadrez/ Prende a alma toda...”). Há xadrez nos filmes de Stanley Kubrick. Na literatura e no cinema a lista de referências é imensa. Por isso convém lembrar que passaram (dia 10) vinte anos sobre a data em que, pela primeira vez, um computador (o Deep Blue, montado pela IBM) derrotou um campeão do mundo, Gerry Kasparov. Este vingou-se depois e derrotou o computador mais tarde, mas o passo estava dado, tivesse ou não havido marosca com a reprogramação do Deep Blue durante o jogo (parece que houve, sim, mas isso está guardado nos circuitos apagados do computador, guardado no Museu de História Americana, em Washington). A partir de 10 de fevereiro de 1996, o género humano passou a incluir outra característica: a divina imperfeição. Ou seja, a capacidade de perder um jogo de xadrez.
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