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Que se saiba, o mundo não melhorou muito nos últimos tempos; em Itália, por exemplo, nasceu uma petição online dirigida diretamente a Deus, a pedir a reversão da morte de David Bowie. Isto, enquanto a imprensa, distraidamente, “acusa” Bowie de ter escondido que tinha um cancro do fígado e que sofrera seis ataques cardíacos desde 2004 – como se o normal fosse publicar periodicamente um boletim clínico para benefício das “redes sociais”. Vagamente, o que chamávamos “a sociedade” transformou-se numa geringonça de “redes sociais” em que tudo se partilha, sobretudo a intimidade – até não haver intimidade na doença, no sexo, na família, na vida dos filhos ou na dedicação aos gatos. Pior do que isso, parece existir mesmo “a obrigação de partilhar” com os outros aquilo que, antes, era do foro estritamente pessoal. Para não deixar que Bowie partisse como um reles culpado, a explicação foi a de que o silêncio guardado sobre a sua doença foi também uma das suas famosas encenações. A nenhum pateta passa pela cabeça que o combate com a morte não é um espectáculo para patetas.
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