Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Há um ano, o arcebispo de Cantuária admitiu que os muçulmanos britânicos aplicassem a ‘sharia’ entre eles. Esta pérola de ‘tolerância multicultural’ ocorreu-me ao ler algumas mensagens do twitter de Reyaad Khan, abatido há semanas durante um ataque inglês no mapa do Estado Islâmico: “Ontem executei bastantes prisioneiros”, “hoje assisti à mais longa decapitação de sempre”, ou “talvez a Gucci queira patrocinar o meu cinto de explosivos”. Khan não foi criado nas montanhas do Paquistão ou no deserto iraquiano; foi educado em escolas inglesas e sonhava ser o primeiro chefe de governo asiático do Reino Unido. Em 2013 rejeitou um convite para estudar na universidade de Medina, Arábia Saudita, e preferiu ir para a Síria, combater ao lado do EI e expulsar infiéis do território do califado. Respirava multiculturalismo europeu.
A Europa inventou o “bom selvagem” e, depois da II Guerra, criou o “bom revolucionário”. Ambos habitariam na América Latina. Perdidas as ilusões em relação ao “bom selvagem”, a boa consciência europeia, sempre à esquerda, limitou-se a apoiar todas as revoluções locais. Hoje, quando ninguém de bom senso dá vivas à revolução cubana (eu disse “de bom senso”), a Venezuela passou a ser o paraíso: uma pantomina permanente, na esteira do melhor estilo caudilhista, fechando televisões e jornais, inventando uma religião, aumentando os pobres, destruindo a economia, esvaziando as lojas e enchendo as prisões com condenados por tribunais revolucionários. O Podemos, o Syriza e o novo líder trabalhista inglês, Jeremy Corbyn, adoram a Venezuela. É o seu modelo. Aí está um tema de reflexão, quando se trata de fazer escolhas. Ou alguém ainda se lembra de Leopoldo López, que acaba de ser condenado a uma pena de 13 anos depois um julgamento fantoche?
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.