Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Que as mulheres turcas, incluindo as muçulmanas, possam rir quando lhes apetece — era este o assunto, depois das declarações do vice-primeiro ministro turco, Bulent Arinc, pedindo às mulheres castidade em geral e sisudez no espaço público, e antes da reeleição de Recep Tayyip Erdoğan.
A agência literária Kalem, de Istambul, reuniu-se aqui para uma sonora gargalhada e enviou a sua amável fotografia, que agradecemos.
No fundo, namorar com Lauren Bacall tinha sido um sonho de juventude. Namorar é uma maneira de dizer. Passear à beira-mar, dizer-lhe que Humphrey foi bom compincha mas que eu estaria à altura, levá-la a comer lagostins, ler-lhe sonetos, cozinhar, preparar-lhe um whisky, ir buscar-lhe os seus cigarros sem filtro. E agora, o que poderia eu dizer àquela mulher? Havia mais gente à mesa, mas eu estava à sua frente e os outros falavam de cinema. Ela ouvia (era um restaurante em Tróia, diante do mar) e fumava cigarros sem filtro. Então, eu disse a pior das banalidades, que nem um adolescente: “Gosto tanto de si.” Ela deitou a cabeça para trás e riu. Uma gargalhada que havia de tirar o tesão a Humphrey, como em To Have and Have Not, em The Big Sleep ou Key Largo. “Desculpe, não fui capaz de melhor”, disse-lhe eu. Respondeu ao acender um novo cigarro: “Sim, mas foi capaz de o dizer.” Foi em 1993. Na altura havia Chesterfield sem filtro.
[Da coluna do Correio da Manhã]
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.