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Identidade.

por FJV, em 05.06.14

Se há combate que marcou o século XX foi o dos direitos civis: a luta pela integração, pela partilha, por não ser necessário abdicar das identidades individuais no interior da vida em comunidade. Com isso, veio a ideia de que a pluralidade e a diferença podem constituir elementos de coesão e de aperfeiçoamento. Não fazer apartheid. Não separar brancos e negros, não distinguir heterossexuais e homossexuais, impedir a segregação de minorias. Não é isso que pensa Astrid Osterland, que, em Berlim, é uma das fundadoras do primeiro cemitério para feministas e lésbicas. Desta forma, diz Astrid, “a causa gay fica para a posteridade”. Engana-se: fica separada do resto das coisas, como um gueto para além da vida e da morte, prolongando na morte os rancores, ressentimentos, desafetos e solidões que existiram durante a vida. A criação de um cemitério para a comunidade gay feminina é uma muralha ridícula.

[Da coluna do Correio da Manhã]

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