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Perder a vergonha: é exatamente a isso que se referia Ruth Rendell, a autora britânica de romances policiais (com aquele discreto inspetor Wexford como herói), quando, recentemente, comparava atitudes sobre leitura nos últimos vinte anos. Muita coisa mudou no modo como lemos, como encaramos o acto de leitura ou desenhamos o conceito de livro; mas a diferença essencial, dizia Rendell, é que agora as pessoas “já não se envergonham” de dizer que não lêem livros. Daí que, hoje em dia, a leitura seja cada vez mais uma atividade minoritária. Nesta matéria há contas a ajustar e a fatura deve ser apresentada, desde já, ao sistema escolar – que não só revelou uma brutal incapacidade de motivar gente para a leitura como, além disso, desvalorizou o ensino da literatura em benefício da “comunicação”. A nossa civilização assentou nesse tabu: o livro. Perdê-lo é deixar entrar os bárbaros dentro da cidade.
[Da coluna do Correio da Manhã.]
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