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Li primeiro A Boa Terrorista porque estava interessado nas “questões irlandesas”, mas percebi que a desconfiança de Doris Lessing sobre o ‘Império Britânico’ tinha raízes profundas – contavam o facto de ter nascido na Pérsia, de ter vivido na Rodésia (Zimbabwe) e de a sua vida pessoal a ter encaminhado para um livro tão importante como O Caderno Dourado. Muitos ficaram chocados com O Quinto Filho, uma antevisão das famílias e do feminismo silencioso, pouco militante, mais “biológico”, e que marcariam os anos que viriam. Os grandes temas reaparecem em O Sonho Mais Doce, uma panorâmica romanesca do século britânico. Lembro uma fotografia de Lessing sentada nos degraus à porta de casa, depois de vir da mercearia, no dia em que em anunciaram o Nobel (em 2007): vira demasiado, atravessara grandes desilusões, escrevera bastante – e continuava discreta. Aos 94 anos, disse-nos adeus.
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