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A frase é de Angela Merkel: “Espiar amigos é inaceitável.” A chanceler alemã disse-a na sequência das revelações de Edward Snowden sobre a espionagem americana junto dos seus parceiros europeus. John Kerry, o secretário de Estado norte-americano, que é membro de uma sociedade secreta, foi mais sensato: “Não é invulgar.” Acontece que “espiar amigos” é uma tarefa a que a Europa e os EUA se têm dedicado com invulgar apreço – e mais disciplina, por parte dos americanos, beneficiados pelo poderio tecnológico e pela sua sempiterna desconfiança em relação aos europeus, uns desajeitados que comprometem tudo em nome de valores ligeiramente fora de moda. Há sempre o argumento (pouco credível, apesar de tudo) de que quanto melhor conhecermos os nossos amigos mais gostamos deles, mesmo se se trata de política. Dados os recentes acontecimentos portugueses, entre nós o argumento não pega, garantem-me.
[Da coluna do Correio da Manhã.]
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