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O affaire de todos os dias.

por FJV, em 01.07.13

Um dos meus divertimentos é a leitura de romances de espionagem. John Le Carré não faz parte da lista – é um poeta admirável que escreve da melhor prosa romanesca. Mas há ainda Daniel Silva, por exemplo, Higgins, Semyonov, o malogrado Ludlum, Follett, etc. Para quem acompanha o affaire Snowden, as surpresas são muito menores – ou mesmo inexistentes. Agora, por exemplo, as autoridades europeias, muito chocadas (também sabem dissimular), reagem à informação de que os serviços secretos americanos, uma mistura de CIA/NSA/FBI e outras agências, espiavam instituições europeias, tanto em Washington e Nova Iorque como em Bruxelas, Londres ou Berlim. Acrescento Lisboa por minha conta e risco. Não é grande novidade. Os “primos” americanos (a designação é do MI6) nunca confiaram muito nos europeus. Em Hong Kong, tal como na Rússia, por exemplo, estavam em campos opostos. O mundo é um romance. Divertido.

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Katherine.

por FJV, em 01.07.13

Passaram no domingo dez anos sobre a morte de Katherine Hepburn (1907-2003). Esperemos que as televisões possam transmitir um ou outro filme que o seu rosto iluminou. A Rainha Africana (de Huston), ao lado de Bogart, é um clássico, tal como Adivinha quem Vem Jantar (com Spencer Tracy) ou até Amor entre Ruínas (com Lawrence Olivier). Eu prefiro o seu papel “secundário”, como a pérfida Violet ao lado de Liz Taylor (e Montgomery Clift), em Bruscamente no Verão Passado, o de Tracy Lord em Casamento Escandaloso (com Cary Grant), ou em Longa Viagem para a Noite, de Sidney Lumet e Eugene O’Neill. A lista é enorme e dispensa comentários. Hepburn dividia-se entre o seu papel de princesa (em Maria Stuart ou em O Leão no Inverno, por exemplo), o de mulher fatal e poderosa, ou sendo rosto dos vencedores que vêm de baixo (como em Mulherzinhas). Domingo é sempre um bom dia para recordá-la.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

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CBT, depressão.

por FJV, em 01.07.13

Depressão, ansiedade social e desordem pós-traumática. O diagnóstico está muito na moda, sobretudo na geração que agora encara os quarenta ou, creio, os cinquenta. Em Inglaterra e nos EUA, a CBT está muito bem cotada – significa “terapia cognitiva comportamental” e é relativamente cara. Mas os gurus da CBT descobriram que os filósofos gregos podem salvar-nos de forma mais eficaz. Sobretudo os estóicos, por exemplo: o que nos estraga a vida não são as coisas, mas a nossa opinião sobre elas (já vem no ‘Encheiridion’ de Epicteto, século II). Mais: tal como os estóicos da Grécia antiga, Jules Evans, o autor de Philosophy for Life, lembra que temos pouco controle sobre a nossa vida. Que há coisas que podemos controlar e explicar, mas a maior parte está para além da nossa vontade; que toda a adversidade é um treino – e que é bom contemplar a beleza do mundo. Os antigos, imagine-se, já sabiam.

[Da coluna do Correio da Manhã.]


 P.S. - Para distraídos, e por falar de gregos, leiam Educação para a Morte (Bertrand) e Amor e Ódio (Quetzal), de Filipe Nunes Vicente.

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Laberinto.

por FJV, em 01.07.13

 

No habrá nunca una puerta. Estás adentro


y el alcázar abarca el universo


y no tiene ni anverso ni reverso


ni externo muro ni secreto centro.


No esperes que el rigor de tu camino


que tercamente se bifurca en otro


que tercamente se bifurca en otro


tendrá fin. Es de hierro tu destino


como tu juez. No aguardes la embestida


del toro que es un hombre y cuya extraña


forma plural da horror a la maraña


de interminable piedra entretejida.


No existe. Nada esperes. Ni siquiera


en el negro crepúsculo la fiera.

 

Jorge Luis Borges

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