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Tom Sharpe

por FJV, em 08.06.13

Nunca foi um autor muito considerado pelos críticos, que desconfiam do humor, e pelos seus pares, que arrumam o humor nas prateleiras do fundo. A principal razão tinha a ver com o seu humor diabólico, corrosivo, politicamente incorreto. Em Wilt, Tom Sharpe decompõe a família do seu personagem mais definitivo, Henry Wilt, um professor de literatura em escolas politécnicas, casado com Eva, uma esposa exigente e que, periodicamente, sucumbia a ideias lascivas sobre libertação sexual ou consumo de produtos ecologicamente sustentáveis. Wilt descria de tudo como um pessimista cómico, farto de ensinar literatura a estudantes ignorantes e com hormonas descontroladas. As suas filhas gémeas aterrorizavam-no, histéricas e destinadas a escravizar futuros namorados. O seu universo é um repositório de valores aparentemente reacionários, de cenários e episódios rocambolescos de onde ninguém se salva com compostura, e de críticas corrosivas ao sistema escolar e literário britânico. Tom Sharpe, que morreu anteontem aos 85 anos, era um dos últimos pedaços de dinamite do humor inglês. As pessoas demasiado corretas não gostavam dele. Uma vantagem.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

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