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Un hombre que cultiva su jardín, como quería Voltaire.
El que agradece que en la tierra haya música.
El que descubre con placer una etimología.
Dos empleados que en un café del Sur juegan un silencioso ajedrez.
El ceramista que premedita un color y una forma.
El tipógrafo que compone bien esta página, que tal vez no le agrada.
Una mujer y un hombre que leen los tercetos finales de cierto canto.
El que acaricia a un animal dormido.
El que justifica o quiere justificar un mal que le han hecho.
El que agradece que en la tierra haya Stevenson.
El que prefiere que los otros tengan razón.
Esas personas, que se ignoran, están salvando el mundo.
Os Filhos do Zip-Zip (Esfera dos Livros), de Helena Matos, está nas livrarias. Num país sem memória, ou que a despreza e frequentemente adultera, Helena Matos evoca, através de recortes de jornais, fotografias e publicidade da época, a transição portuguesa para os nossos anos setenta. Há gente que se lembra de como o Zip-Zip marcou a sua vida – e gente que não se recorda do programa de televisão de Solnado, Fialho e Cruz. Mas o país está lá, no fundo das recordações: guerra colonial, futebol, Vilar de Mouros (com Elton John em 1971), cigarros Kart, a fabulosa Dyane 6, Tulicreme, drogas, Procol Harum, J. Pimenta, ‘Simplesmente Maria’ e os bonecos do ‘Riso Amarelo’. Para alguns, esta evocação é pura nostalgia; na verdade, é o ‘Portugal futuro’ que já ali aparece desenhado. Nem de propósito, atravessamos uma época especial: os filhos do Zip Zip estão a abandonar o poder. Façam contas.
[Da coluna do Correio da Manhã]
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