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Louisa.

por FJV, em 07.03.13

Para os dias de hoje, o nome de Louisa May Alcott há de querer dizer muito pouco. Compreende-se: o seu livro maior, Mulherezinhas, é um romance moral e, hoje em dia, fora de moda (há cerca de seis edições diferentes em português). Foi lido por gerações de adolescentes e raparigas saídas da infância: as quatro irmãs que protagonizam a história passam por dolorosas dificuldades financeiras, submetem-se a todos os sacrifícios em nome do bem, são caridosas e bem intencionadas – e a história termina bem, com casamentos e sucessos familiares. Um livro assim (publicado há 145 anos) está condenado hoje em dia. Os tempos mudaram: na época, Mulherezinhas obteve um sucesso extraordinário e era modelo do feminismo americano. Alcott, que morreu há 125 anos, assinalados ontem, foi abolicionista e sufragista, discípula dileta de Hawthorne, Emmerson ou Henri-David Thoreau, tudo menos reacionários.

[Da coluna do Correio da Manhã]

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Corte de cabelo.

por FJV, em 07.03.13

Dezoito tipos de penteado são largamente suficientes. Eu, por exemplo, só gosto de quatro ou cinco. Dezoito é um número para lá de adequado; se percorrermos a história da pintura dos últimos duzentos anos, acrescentando-lhe mesmo a nossa memória do cinema, e as descrições presentes na literatura (há sempre essa gente) não encontraremos muitos mais modelos de penteado. E, se houver necessidade (um acaso), aumenta-se para vinte. Vinte e quatro no máximo, duas dúzias exatas. A Coreia do Norte, aquele país que “não se sabe se é uma democracia”, determinou, e bem, que as mulheres do país só podem usar esses dezoito penteados. O assunto transitou de Kim Jong-Il para o novo líder, o seu filho Kim Jong-un, que não teve dúvidas em promulgar o decreto. Os cabeleireiros de Pyongyang têm a vida facilitada. Durante a revolução cultural chinesa nunca se avançou tanto. O socialismo capilar sobreviverá. 

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Assim.

por FJV, em 07.03.13

O Dr. Soares considerou que Chávez fez bem em encerrar a televisão RCTV; esta era «de uma imensa impertinência contra o presidente eleito» (disse-o em Agosto de 2007 – a revolução devia e não devia ser transmitida pela tv). Sean Penn defendia a pena de prisão para jornalistas que chamassem ditador a Chávez (disse-o em Março de 2010, o que estava bem para o espírito do tempo). Na sequência do encerramento de 34 emissoras de rádio na Venezuela, a universidade de La Plata, na Argentina, atribuiu a Chavez o Prémio Rodolfo Walsh para a liberdade de expressão (foi em Abril de 2011). Chavez também falava de si na terceira pessoa: «Farei um referendo. Vou perguntar-vos, a todo o povo, se concordam com Chávez ser Presidente até 2031» (foi a 6 de maio de 2006). Que descanse em paz.

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