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O combate de Maurice Ravel (1875-1937) não era com a tradição (que considerava uma «bengala» dos imbecis) mas com um mundo que não sabia lidar com a melancolia. Toda a sua música a celebra no meio da euforia que acompanha o novo século, como estava previsto em Debussy, Satie ou Saint-Saëns. O comum dos mortais acompanha, tamborilando, a evolução do Bolero – mas desconhece a subtileza de uma obra que andou de mãos dadas com a literatura: melodias que respiram a água da chuva, procura de uma pureza impossível em acordes que existem em Pavana para uma Princesa Defunta, Daphne e Chloé ou nas suas valsas sentimentais. À nossa vida falta música – uma certa beleza que só ela transporta. Hoje, nos 75 anos da morte de Ravel, devíamos ouvi-la.
[Da coluna do Correio da Manhã]
Sviatoslav Richter
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